O presente trabalho analisa a possibilidade de redimensionamento de direitos da personalidade, notadamente os direitos à imagem e à privacidade, no âmbito do Facebook, bem como a sua produção de efeitos e a possibilidade de configuração do instituto do venire contra factum proprium diante do pleito de reparação do usuário. Para tanto, analisou-se o princípio da boa-fé, a partir de uma construção histórica, como um vetor interpretativo dos atos jurídicos, criador de deveres anexos e inibidor de condutas abusivas e, portanto, ilícitas. Adentrando-se ao tema do abuso de direito, chega-se à sua definição e à delimitação dos seus diferentes tipos, até chegar ao venire contra factum proprium. O venire contra factum proprium, por sua vez, teve os seus elementos constitutivos delimitados e exemplificados, a fim de estabelecer um conceito detalhado. Quanto aos direitos da personalidade, tratou-se do seu conceito e características, analisando-se detidamente os direitos à imagem e à privacidade, individualmente considerados e em relação aos demais direitos da personalidade. Mais ainda, perpassou-se pela possibilidade de redimensionamento destes, sendo uma forma de renúncia ou não, e a questão da eficácia dessa conclusão. Ao tratar do Facebook, a análise visou aos aspectos jurídicos que alcançam os usuários – e contratantes –, não somente pelo redimensionamento voluntário de direitos, mas também pela possibilidade de lesão e danos a estes por atos de terceiros e do próprio Facebook. Para tanto foram trazidos dispositivos potencialmente lesivos e polêmicos já utilizados pela rede social e exemplos concretos sobre o tema. Por fim, estabeleceu-se o que pode configurar o venire contra factum proprium quando o usuário buscar reparação diante de dano aos seus direitos após o redimensionamento voluntário da própria personalidade. Palavras-chave: venire contra factum proprium; direitos da personalidade; redimensionamento; boa-fé; Facebook.