O CONTRATO DE GESTAÇÃO POR SUBSTITUIÇÃO NO BRASIL: REFLEXÕES JURÍDICAS SOBRE OS LIMITES DA REGULAMENTAÇÃO PELO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA DIANTE DA (IM) POSSIBILIDADE DA RESTRIÇÃO DA LIBERDADE REPRODUTIVA
2024 | Graduação
Helena Costa Ciccone de Macêdo
Este estudo trata da intrincada problemática da gestação por substituição no Brasil, examinando
os limites da normatização estabelecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e suas
consequências para a liberdade reprodutiva. O propósito central é avaliar a força normativa das
regulamentações do CFM, em especial a Resolução nº 2.320/2022, e suas repercussões jurídicas
e sociais no que concerne à gravidez por substituição. A metodologia empregada abrange uma
revisão bibliográfica extensiva, análise documental das resoluções do CFM e uma comparação
com legislações internacionais. A pesquisa inicia-se com uma contextualização histórica da
gestação por substituição no Brasil, destacando os principais marcos legais e as evoluções
normativas. A distinção entre gestação por substituição altruística e comercial é examinada,
sublinhando as complexidades éticas, tais como a comercialização do corpo feminino e a
vulnerabilidade das gestantes. A análise jurídica concentra-se nos direitos fundamentais
envolvidos, como a autonomia reprodutiva e os direitos constitucionais à liberdade e à
dignidade. A regulamentação pelo CFM é criticada por sua natureza restritiva, que limita a
prática a casos específicos e impõe exigências rigorosas, como o parentesco da gestante
substituta e a ausência de compensação financeira. A pesquisa questiona a legitimidade dessas
regulamentações, argumentando que elas restringem indevidamente direitos constitucionais e
não refletem a realidade social contemporânea. Comparações com legislações internacionais
revelam abordagens mais inclusivas e menos restritivas em outros países, oferecendo subsídios
para possíveis melhorias na regulamentação brasileira. A pesquisa conclui que a
regulamentação atual do CFM é inadequada e que há uma necessidade premente de uma
legislação específica, abrangente e inclusiva, que equilibre a proteção dos direitos individuais
com as exigências éticas e médicas. As principais recomendações incluem a revisão das
restrições impostas pelo CFM, a promoção de um diálogo contínuo entre profissionais de
diversas áreas e a formulação de políticas que assegurem a justiça, a igualdade e os direitos
reprodutivos. Este estudo contribui para o debate sobre a gestação por substituição no Brasil,
propondo soluções que respeitem os direitos constitucionais e promovam um ambiente
reprodutivo seguro e equitativo para todos os envolvidos.
Palavras-chaves: gestação por substituição; Conselho Federal de Medicina; força normativa;
ausência de legislação; liberdade reprodutiva; direitos fundamentais.