POSSIBILIDADE DE RETRATAÇÃO NOS PROCEDIMENTOS DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA
2014 | Graduação
Ana Clara Xará Farias
O presente trabalho científico, objetiva demonstrar a possibilidade de retratação nos
procedimentos de reprodução assistida, problematizando com hipóteses de violação
a autonomia privada e os direitos fundamentais em confronto com a especial
proteção dedicada aos filhos pelo Código Civil. Ao analisar e ponderar os princípios
da dignidade da pessoa humana, planejamento familiar e exercício da autonomia
privada, percebe-se a relevância destes para o desenvolvimento da pessoa. É
observado, no âmbito familiar, a importância da intervenção mínima do Estado nas
relações familiares, inclusive como forma de proteger os próprios direitos ditos como
fundamentais. Com a evolução cientifica e tecnológica, práticas como a reprodução
assistida tornam-se cada vez mais frequentes, sendo uma das formas de
estabelecer a filiação e, com isso, se faz necessária à análise da importância do
consentimento para a realização dessa prática e a consequente observação do
elemento vontade. Ocorre que, muitas situações complexas podem derivar desse
ato, como o caso de utilização de material genético sem a devida autorização do
cônjuge ou companheiro. Nos casos de reprodução assistida heteróloga, poderia até
ser uma hipótese de ação negatória de paternidade, contudo, na reprodução
assistida homóloga, a filiação seria reconhecida por vínculos biológicos. O que se
quer demonstrar é a possibilidade desse vínculo não ser levado em consideração
para não existir uma paternidade “forçada”, em face da proteção à própria criança
(visto a relevância do estabelecimento do afeto nas relações) e as inúmeras
violações ao direito do cônjuge ou companheiro, inclusive, o seu exercício de
autonomia e disposição do próprio corpo.
Palavras-chave: Autonomia Privada; Consentimento; Reprodução assistida; Filiação;
Planejamento familiar; Dignidade da pessoa humana