A CONDENAÇÃO CRIMINAL NOS CASOS DE TRANSTORNO DISSOCIATIVO DE IDENTIDADE: UM ESTUDO DOS PARADIGMAS PARA AFERIÇÃO DA CULPABILIDADE E DAS CONSEQUÊNCIAS ORIUNDAS DA SIMULAÇÃO DE DOENÇAS MENTAIS
2024 | Graduação
Luana Lomba Magnago Bastos
O conceito de culpabilidade, pilar estruturante do Direito Penal, fundamenta as teorias do delito
e a responsabilização individual, limitando a atuação punitiva do Estado. No entanto, sua
aplicação tem sido tradicionalmente orientada a indivíduos com plena capacidade de
discernimento, o que restringe a análise de casos envolvendo transtornos mentais. Esse
panorama resulta em uma carência de estudos sobre a culpabilidade de indivíduos com
transtornos mentais no Brasil, gerando incertezas e divergências na prática judicial. Avanços
nas ciências psiquiátricas e psicológicas impõem ao Direito Penal a necessidade de considerar,
com rigor científico, o impacto dos transtornos mentais na compreensão e autodeterminação
dos sujeitos. O Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI) é especialmente desafiador, pois
apresenta múltiplas identidades que alternam de forma dissociada, o que suscita questões
complexas quanto à imputabilidade penal de seus portadores. Assim, esta pesquisa busca
responder se o diagnóstico de TDI implica na inimputabilidade do indivíduo e, em casos de
simulação, quais as consequências processuais cabíveis para tentativas de manipulação do
sistema judiciário. A escassez de literatura nacional sobre o tema limita a construção de
referenciais teóricos sólidos e impacta a segurança jurídica, exigindo a criação de critérios
técnico-científicos para distinguir entre transtornos genuínos e simulações. Essa lacuna
evidencia a necessidade urgente de desenvolver métodos de avaliação que auxiliem o
magistrado na distinção entre transtornos reais e tentativas de manipulação para evitar a
responsabilização penal. Socialmente, o trabalho reforça a urgência de uma revisão do sistema
penal brasileiro, promovendo o equilíbrio entre a proteção social e os direitos fundamentais das
pessoas diagnosticadas com transtornos mentais, especialmente o TDI. A análise visa contribuir
para a individualização da pena e a garantia dos direitos assegurados a todos, com ênfase nas
dificuldades enfrentadas pelo sistema jurídico ao lidar com casos complexos de TDI. Os
objetivos específicos do trabalho incluem: (i) analisar a evolução histórica da culpabilidade e
sua aplicação contemporânea; (ii) examinar os procedimentos psicológicos utilizados na análise
de transtornos mentais alegados em processos penais, destacando deficiências procedimentais
que comprometem o julgamento; (iii) evidenciar a complexidade do TDI e a interpretação
jurídica brasileira; e (iv) discutir a insuficiência de instrumentos e o preparo profissional na
identificação de simulações, além da ausência de normas específicas para os casos de má-fé. A
metodologia aplicada será o método hipotético-dedutivo, com a formulação de hipóteses
analisadas a partir de teorias e conceitos preexistentes. A pesquisa será bibliográfica, incluindo
fontes como livros, artigos científicos e jurisprudência, também em línguas estrangeiras devido
à limitada literatura em português. A abordagem qualitativa promoverá uma análise
interpretativa e aprofundada, ampliando o entendimento sobre a simulação e os transtornos
mentais no sistema penal. Esse conjunto metodológico visa proporcionar uma análise crítica e
fundamentada sobre os desafios impostos pelo TDI ao conceito de culpabilidade no Direito
Penal.
Palavras-chave: culpabilidade; transtorno dissociativo de identidade; imputabilidade;
responsabilização penal; simulação.