O presente trabalho analisa o delito de lavagem de dinheiro dentro de uma perspectiva legal e empírica, de modo que se torna possível uma análise à luz do pensamento criminológico de Edwin Sutherland na conjuntura atual do branqueamento de capitais. Intenta-se, pois, através de uma complexa análise crítica e investigativa, estabelecer um elo de ligação com a observação de Sutherland para com os crimes de colarinho e o atual cenário do delito de lavagem de dinheiro. Para tanto, se desenvolveu primeiramente uma profunda reflexão no que toca os ensinamentos de Edwin Sutherland, para em seguida analisar a lavagem de dinheiro na qualidade de tipo penal incriminador, tendo como base suas características e o contexto que o cerca. Ato contínuo, esmiuçou-se a forma de atuação dos órgãos governamentais responsáveis pela persecução e julgamento do delito, utilizando-se de dados estatísticos, fornecidos pelos entes do próprio estado, além de lançar mão pesquisa empírica própria, desenvolvida na Vara Especializada de lavagem de dinheiro da seção da Bahia, do TRF-1. Toda esta reflexão serviu para analisar a existência de privilégios, tratamento desigual e a ineficácia da atuação estatal quanto ao crime de lavagem de ativos, enquanto uma típica delinqüência dourada de colarinho branco, fatalmente privilegiada pela conjuntura normativa, social e estatal, tal como constatou Sutherland à sua época. Palavras-chave: Edwin Sutherland; Crimes de colarinho branco; Lavagem de dinheiro; privilégio e eficácia.